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terça-feira, 30 de abril de 2013

QUAL A IMPORTÂNCIA DA TEOLOGIA E DOS PAIS DA IGREJA?



Você acha que estudar teologia é importante para entendermos Deus? Pra ser pregador é importante sim. Muitos analfabetos que estão nos púlpitos só falam asneiras. Um intelectual se assistir uma pregação de um analfabeto irá dizer que os crentes são ignorantes.

É claro que é necessário estudar teologia. A boa teologia levará o indivíduo a conhecer melhor a Deus através das Escrituras. Aliás, foi citando as Escrituras, ou seja, com o conhecimento das escrituras que Jesus resistiu ao Diabo.

Lucas S.R.

Veja Lucas, esse é o meu ponto de vista, uma conclusão que cheguei da minha experiência de vida, depois de ter visto pessoas que não entendiam nada de teologia, terem um conhecimento verdadeiro de Deus, e depois de ver, até mesmo na TV, homens estudados nos diversos campos da teologia e filosofia saberem muito de religião, mas nada de Deus. E também depois de ver homens de Deus, sinceros e justos, estudados na teologia, abandonarem toda a teologia, para se tornarem alunos das pessoinhas mais humildes que nada entendiam de teologia. E também depois de ver homens justos estudarem teologia, mas sabendo colocar ela no seu devido lugar, exercendo uma profunda sabedoria para separar teologia de Deus.

Portanto, é uma opinião pessoal, que pode servir para mim, mas pode não ser verdadeira para você. Eu pessoalmente creio que Deus é muito maior que "um deus" que se possa estudar teologicamente, creio que Deus só se possa "viver". Por isso eu digo que não creio em Deus, que eu vivo Deus. Portanto, vou dizer a minha opinião.

Entender a Bíblia é importante, estudar teologia, não. Estudar teologia é um "complemento", e é nesse lugar que a teologia deve ficar, de "complemento".

Não é através do conhecimento teológico que se chega a Deus, que está perto de todo aquele que quiser buscá-lo, e se manifesta como quer, e não depende de nenhum conhecimento teológico para alcançar o homem, pois se assim fosse, os escribas e fariseus teriam reconhecido Jesus. 

Mas Jesus admirou a forma como Deus se esconde dos sábios, e se revela aos pequeninos,  pois é através de Deus, que se alcança o conhecimento, e não o contrário. Deus é quem dá o seu conhecimento a quem quiser, e se encobre dos olhos dos soberbos e arrogantes, por mais conhecimento que tenham. Em Jesus ele escondeu toda a sabedoria e todos os segredos do conhecimento, e através de Jesus é que devemos irradiar o conhecimento para todo o resto, ciência, natureza, e até a teologia. A Palavra pura é tão simples que o mais humilde dos homens pode entender, e muitos a praticam sem conhecer, e tão complexa que confunde o entendimento dos sábios das coisas do mundo.

Quando Jesus confrontou o diabo, ele não citou nenhuma interpretação de algum rabino, de nenhuma escola teológica ou filosófica, ou algum comentário do Talmude. Ele citou simplesmente as escrituras, de forma simples e direta, sem nenhuma interpretação, simples e objetivo, como só Deus sabe ser.

As Escrituras são simples e verdadeiras para os que assim são, e se torna complexa para os que desejam "arrancar" dela o conhecimento, para os que desejam "subir até Deus na Torre de Babel", quando Deus se dispõe a "descer até nós". Veja que um humilde cego conseguiu identificar em Jesus o "Filho de Davi", e os fariseus que enxergavam e estudavam essas mesmas escrituras dia e noite viram nele um herege, um comilão e beberrão. Considerando que o cego e os fariseus conheciam as mesmas escrituras, qual foi a diferença na hora de "viver" as escrituras? Foi por acaso o conhecimento teológico?

O evangelho realmente é entendido por causa do Espírito Santo. Concordo que o Espírito  Santo é o que diferencia um doutor em Bíblia ateu de um analfabeto servo do Senhor. Entretanto, àqueles a quem Deus deu condições de estudar e de se aprofundar, estes devem estudar sim teologia. Ora, o que você chama de um “monte de sistemas de interpretação da divindade criados pelo homem”, foram as interpretações dadas pelos pais da igreja, sem os quais, o evangelho e a Bíblia que você conhece nunca. O próprio cânon, como você conhece, nasceu do esforço teológico deles. Sua tradução da Bíblia também. E como você entende a questão da trindade e da divindade e humanidade de Cristo sem a ajuda que esses homens deram? Se Deus dá a alguém a capacidade de estudar e entender, este tem a obrigação de fazê-lo ou cometerá o erro de desprezar os talentos dados pelo Senhor.

Áqueles que Deus deu condições de estudar, estudem, mas entendam que estão estudando coisas de homens, e um "complemento", que saciará tão somente a curiosidade. Se tiverem discernimento espiritual, nenhum mal vai fazer. Pelo contrário, pode fazer muito bem. Não desprezo a teologia, mas que ela fique no lugar dela, longe de ser essencial para se entender Deus, que é tão grande em sua imensidão e poder que não haveria teologia que o coubesse, ou razão que pudesse compreendê-lo, mas que em sua abundância de misericórdia, se torna tão pequenino que entra no coração do mais humilde dos homens, como uma brisa fresca. 

Você acha que Deus precisou dos “pais da igreja” para fazer o seu cânon chegar até nós? Acha que Deus precisou dos “pais da igreja” para traduzir a Bíblia? De fato, não conhece o teu Deus, que te mantém respirando, e que criou as leis que mantém todo o Universo funcionando.

A Terra na qual vivemos é uma poeira no Cosmos criado por Deus, e você diz que sem os “pais da igreja” e suas “interpretações” a Bíblia e o Evangelho não chegariam a mim? Acha que o Deus que mede as águas do mundo na palma da mão, como um artesão cuidadoso e engenhoso, que mede a distância da Terra em relação ao Sol, para que tenhamos a dose certa de calor, não teria poder para fazer o Evangelho chegar até mim sem os “pais da igreja”? Que ele precisa da “interpretação dos pais da igreja”, para me fazer entender a sua Palavra? Acha que a Bíblia não é clara para isso? Acha que Paulo não escreveu o suficiente? Que ele precisa de uma “mãozinha” dos “pais da igreja” para se fazer entender? Será que Jesus poderia ter sido mais “didático”? Talvez se ele tivesse sido mais “didático”, não precisasse das interpretações dos “pais da igreja” não é? Mas Jesus não foi tão didático assim, afinal, só entendemos a divindade de Cristo graças aos “pais da igreja” não é? Sem as interpretações deles, a Bíblia fica incompleta não é?

Onde estavam os “pais da igreja” quando Deus pessoalmente criou tudo para nos prover, nos alimentar, que nos deu o dom de poder saborear os alimentos, a visão para admirar as maravilhas da sua Criação? Onde estavam os “pais da igreja” quando Deus pessoalmente fez o Sol de forma tão perfeita para que possa nos aquecer e nos alimentar com sua energia? Onde estavam os “pais da igreja” quando Deus pessoalmente projetou cada código do seu DNA? E para fazer a sua Palavra chegar ao seu coração, na exata medida que ele deseja, ele precisaria dos “pais da igreja”? Ou a sua Palavra na Bíblia, e a que é “soprada” pelo Espírito Santo no seu coração não seria suficiente?

Eu te digo, essas suas palavras são produto do mal da teologia, portanto, leia a Bíblia, tudo que se precisa aprender de Deus está revelado em Jesus, e esqueça a teologia, pois está creditando a homens uma honra, quando eles só tiveram um “privilégio”. Se não fossem os tais “pais da igreja”, e se foi a vontade de Deus que o Evangelho chegasse até nós, ele chegaria, com “pais da igreja” ou sem “pais da igreja”. Deus faria pedras pregarem, e derramaria o Espírito Santo novamente como em Petencostes. Alinharia as estrelas no Céu para pronunciar o Nome de Jesus para toda a Terra Habitada, e ressuscitaria João Batista ou Elias para reviver as profecias, pois a Palavra de Deus não sai da sua boca e volta sem resultado, e Ele tem poder para fazê-la se cumprir da forma que quiser. Ou a sua teologia limitou a ação de Deus?

Deus é livre, e como o vento e as águas de um rio, faz sua Palavra desviar dos obstáculos. Ela se detém por pouco tempo, evapora, chove novamente sobre os campos, é absorvida pelas plantas, lançada ao ar, corre no vento, e chega onde deve chegar.

Eu, como homem imperfeito que sou, ensino as coisas mais importantes para o meu filho. Quero estar pessoalmente presente, ser responsável por isso. A babá cumpre a função dela, mas o que meu filho deve aprender sobre mim, o que ele vai desenvolver do seu caráter, ele vai aprender de mim, através da relação dele comigo. Ora, se eu que sou imperfeito no amor, tenho esse zelo por meu filho, imagina o Deus que é Amor, não iria querer ensinar pessoalmente, e estar presente para explicar aos seus filhos sobre a sua Palavra e a sua personalidade? Eu digo que ele está presente como o Espírito Santo, explicando amorosamente, no coração dos humildes e através de seus servos sinceros e amorosos, cuidadosamente a quem quiser se aproximar dele, a sua Palavra, que por si só, sem interpretação de “pais da igreja”, é suficiente, pois se não, ela seria incompleta, precisando da interpretação dos “pais da igreja” para se fazer entender.

Entendo seu ponto de vista e realmente pode parecer que estou limitando a ação de Deus. Não é assim. Não acho que Deus precisou dos pais da igreja para estabelecimento do cânon ou para a propagação do evangelho. Ele poderia ter mandado legiões de anjos para pregar o evangelho. Entretanto Ele não quis assim. Ele escolheu que a pregação do evangelho seria feito por seus servos, que incluem a gente atualmente mas tb os pais da igreja. Eles enfrentaram perseguições e ataques que hoje não estamos nem perto de enfrentar. 

Outra coisa: quando estudamos a teologia, não estudamos somente que acertaram, mas tb o que erraram. E os erros teológicos tendem a se repetir. Isso serve para o nosso aprendizado, pois conhecendo como os apologetas defenderam a fé, podemos repetir. E por que não aprender com os erros e acertos do passado? Nós dois acreditamos que Deus é poderoso para fazer o que Ele bem quer, portanto acho que devemos reconhecer que Deus atuou na história de nossa igreja e devemos entender essa atuação.

Engraçado é você mencionando que não podemos aprender com os pais da igreja (que você menciona entre aspas) mas, ao final dos seus textos, que não são textos literais da Bíblia, vc escreve “que o espírito o ensine”. Então o seu problema não é Deus usar outras pessoas para nos ensinar, mas usar pessoas diferentes de você. Com os pais da igreja não posso aprender, mas com suas sábias palavras sim.

Então não podemos aprender com o mártir Policarpo, que apesar de mencionado na Biblia indiretamente (ele era o líder da igreja de Esmirna, aquela tão elogiada na carta de Cristo àquela igreja em apocalipse) , a mesma não contem a história de seu martírio. Ou quem sabe quando um desses que dizem que os cristãos infringem o estado laico e a liberdade religiosa, a gente devesse esquecer a história do cristianismo e ignorar que os cristãos foram os idealizadores da liberdade religiosa e do estado laico?

E como esquecer da pessoa que Deus usou para me mostrar o evangelho? Deus não a usou para me ensinar? A igreja faz o que no mundo se Deus quer evangelizar somente através da Biblia? Não tínhamos a missão de levar o evangelho?

Obrigada pelo "sábias palavras". Quando ao "Que o Espírito o ensine", é  uma frase como "Deus te abençoe", ou "Paz", no meu desejo de que o Espírito Santo o instrua, pois creio que o verdadeiro conhecimento vem direto da fonte, Deus, e ele o dá conforme a necessidade de cada um. Portanto, embora eu esteja lhe passando o meu ponto de vista, talvez haja algo no que eu digo que seja importante para você, se houver, que o Espírito Santo o ensine, se não descarte. 

Veja, não desprezo a importância dos "pais da igreja" na história cristã. Eles foram "usados" por Deus para um grande propósito, assim como hoje há grandes homens e mulheres de Deus, sendo igualmente perseguidos na África e Ásia, enquanto propagam o Evangelho, pois o mesmo Espírito Santo está presente na Terra hoje. 

Eu creio na ação de Deus através dos “pais da igreja” para pregar o Evangelho, com certeza eu creio que durante as perseguições que sofreram, Deus estava pessoalmente com eles, e que eles foram “usados” por Deus para a pregação do Evangelho.

Mas veja: para a pregação do Evangelho. Para manter o cânon. Mas a Palavra de Deus já havia sido dita, o que quero dizer amigo, é que não há nada a se acrescentar ou interpretar da Palavra de Deus.

A Palavra de Deus é objetiva no seu propósito, e a teologia só é usada quando o homem quer entender algo “que Deus não disse”. Se Deus não disse, é porque não é importante para ele, mas não significa que o homem, em sua sede de conhecimento, não possa querer entender. Tal como Deus não se importou em descrever detalhadamente a criação do Universo, mas deixou para que o homem possa estudar isso por si mesmo. Mas o essencial ele disse: que ele criou todas as coisas. O resto virá do conhecimento do homem. Para o que estuda a ciência considerando Deus, isso vai fazer bem, mas também nada vai ter de fundamental para entender a Palavra de Deus. Mas também pode fazer mal, quando o homem é seduzido pela ciência e passa a tirar os méritos de Deus.

Por isso, que a teologia seja posta em seu lugar, ou seja, não é fundamental para o entendimento de Deus, mas também não é nociva, se for bem utilizada, com sabedoria.

É claro, que como devemos reconhecer a importância dos "pais da igreja", Jesus reconhecia a importância dos rabinos, sacerdotes, tradutores e escribas do passado na preservação das escrituras, até que chegassem até ele. Mas quando Jesus usou as Escrituras para confrontar o Diabo, ele não usou de nenhuma interpretação de algum rabino, e nem usou texto do talmude judaico, mas citou “diretamente” a Palavra que estava nas Escrituras Hebraicas, sem interpretação, simples, como só Deus sabe ser.

Tanto os “pais da igreja”, como nós, somos usados com o mesmo propósito: propagar o Evangelho, com o mesmo Espírito Santo, como a pessoa que o levou até você. E devemos ser "imitadores" desses cristãos, que foram guiados pelo mesmo Espírito Santo que está em nós hoje, mas que viveram em um momento histórico peculiar e tiveram uma tarefa importante. Mas como Paulo disse, devemos ser "imitadores", e não admiradores. 

Mas eles não devem ser referência para “interpretar”, ou “acrescentar” algo ao que já foi escrito. Em relação ao estado laico, por exemplo, está escrito em Romanos, quando Paulo nos manda nos sujeitar às autoridades humanas. E o próprio Cristo, que deve ser seguido como exemplo, não se intrometeu na política, e ainda disse: dai a Cézar o que é de Cézar, e a Deus o que é de Deus. Eu sempre soube disso, e não aprendi com nenhum “pai da igreja”, e com nenhuma teologia. Algo tão óbvio assim precisa ser interpretado?

Que o Espírito os ensine.